Em Portugal existem cerca de 120 mil caçadores e à volta de 20 mil praticantes da chamada caça grossa (javali, gamo, veado, corço ou muflão), uma “actividade de luxo” que também está a sentir os efeitos da crise.
“Estamos a atravessar tempos difíceis” afirmou à Lusa Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA), organização criada há 20 anos. O responsável classificou a caça como um “produto de luxo”, dispendioso, e referiu que Portugal tem perdido cerca de “10 mil caçadores ao ano”.
Segundo dados da FENCAÇA, existem no país cerca de 120 mil caçadores, número que desceu dos 350 mil em alguns anos, enquanto os praticantes regulares da caça grossa rondarão os 20 mil. Em Portugal há quatro mil zonas de caça.
Jacinto Amaro prevê que a caça, se nada for feito para diminuir o preço das licenças e a burocracia no acesso às licenças de uso e porte de arma, se transforme num “desporto de ricos” tal “como o golfe”.
“Eu temo que qualquer dia sejam só mesmo 10 ou 15 mil que possam exercer a actividade devido às dificuldades criadas e à crise”, salientou.
“Até pela escassez, em muitas regiões do país, de caça menor. Espécies como a lebre, o coelho e a perdiz praticamente desapareceram de algumas regiões, pelo que hoje as pessoas voltaram-se para a caça maior”, frisou.
O nosso país já atrai alguns estrangeiros para o turismo cinegético, provenientes de Espanha, França ou Itália e essencialmente para a caça à perdiz ou montarias, mas trata-se de um número que não ultrapassa os mil.
Espanha absorve muitos dos turistas. Segundo Jacinto Amaro, só a região de Castela-La Macha vendeu, em 2011, mais de 170 mil licenças a estrangeiros.
O responsável elogiou o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, porque defendeu a necessidade de “dar uma especial atenção ao sector cinegético em Espanha, porque produz e exporta milhões de euros”.
“Infelizmente, aqui em Portugal o nosso primeiro-ministro, Passos Coelho, nem se lembra que existe a caça”, lamentou.
Fonte: FENCAÇA